Normas técnicas são um conjunto de recomendações e especificações de especialistas de cada segmento técnico, com o objetivo de garantir qualidade mínima aos produtos e procedimentos saudáveis para facilitar a vida e garantir a segurança das pessoas. No Brasil elas são criadas sob coordenação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). E foi nesse ambiente que a NBR 7199 – Vidros na Construção Civil foi elaborada, passando por uma revisão relativamente recente em 2016.
NBR 7199 tem peso de lei
A NBR 7199, assim como várias outras, adquire “peso de lei” no caso de acidentes com vítimas. Isso porque em um processo jurídico, cível ou criminal, o juiz irá apurar responsabilidades verificando qual parte envolvida deixou de cumprir as normas técnicas que evitariam ou reduziriam os danos de tal ocorrência.
Apuração de responsabilidades
Na apuração de responsabilidades por eventual acidente com boxes de banheiros, guarda-corpos, janelas, fachadas, fechamento de sacadas com sistema de abertura total e outras instalações envidraçadas, a apuração de responsabilidades é feita por peritos. Para esses casos é que existem profissionais especializados, vinculados ao Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape). São verdadeiros “detetives” da engenharia, com conhecimento das normas técnicas relacionadas a cada segmento, incluindo a NBR 7199 e com formação específica após a acadêmica.
Principais recomendações
A NBR 7199 foi elaborada por mais de 60 profissionais, possui 57 páginas e diversas recomendações. As principais são as que recomendam os tipos de vidros adequados a cada aplicação. E, dentre essas recomendações, certamente a mais importante é a que exige que, para coberturas, clarabóias, guarda-corpos, instalações com caixilhos que se projetam para o exterior e pisos sejam utilizados apenas três tipos de vidros:
- Vidro laminado (incluindo suas variantes, como laminado de temperados e multilaminados);
- Vidro aramado;
- Insulados com a peça inferior laminada ou aramada.
Ainda segundo a NBR 7199, a montagem de vidros através de ferragens ou sistemas que fixam o vidro por aperto ou aparafusamento, deve ser realizada com vidros que possuem resistência estrutural para resistir a esses apertos ou parafusos, sendo o vidro temperado, o único adequado.
Por extensão, a montagem de guarda-corpos através de torres modulares, nas quais a fixação do vidro é feita por ferragens ou parafusos, deve utilizar vidros laminados de temperados, também conhecidos como “temperados laminados”.
Painéis verticais
O vidro comum, determina a NBR 7199, não pode ser aplicado em portas encaixilhadas ou painéis verticais abaixo de 1100 mm em relação ao piso. Para esses locais é necessário a utilização dos chamados “Vidros de Segurança”.
Já o vidro temperado, que pertence a esse grupo de vidros, pode ser aplicado nesses locais, desde que no andar térreo. Porém, se após o vidro houver desnível superior a 1500 mm ou esse vidro estiver impedindo a queda de altura em andares superiores ou depressões repentinas, deverá ser utilizado o vidro laminado, ou aramado ou duplo com a camada externa composta de laminado ou aramado.
A compreensão se torna mais simples quando se sabe que a principal função da NBR 7199, nestas especificações, é evitar que uma criança atravesse o vidro no andar térreo e se corte com os cacos do vidro comum ou que, no caso de temperados instalados em altura, atravesse o vidro e se precipite pelo lado oposto.
Como todo vidraceiro deveria saber: o vidro laminado, o vidro laminado e o insulado especial citado são capazes de impedir essa queda.
Tabela de vidros
Para facilitar a vida dos profissionais que trabalham com vidro, após a revisão a NBR 7199 ganhou uma tabela. Ela indica os vidros adequados a cada aplicação com fácil consulta. E inclui também vidros especiais, tais como os vidros blindados e os utilizados em jaulas.
Cálculo de espessura
Existe a falsa impressão, nos vidraceiros, de que a NBR 7199 irá indicar as espessuras dos vidros indicadas a cada aplicação. Nesse aspecto a norma frustra as expectativas, pois somente fornece uma complexa fórmula matemática para que os vidraceiros calculem qual a mais adequada. Ou que contratem especialistas em cálculos de vidros.
Tal metodologia é necessária porque existem muitas situações de instalação, com muitas variantes. Para se calcular a espessura adequada de um guarda-corpo em altura, por exemplo, é preciso saber:
- A região em que ele será instalado, analisando-se as isopletas, que são a incidência de ventos e determinadas regiões.
- O andar em que tal guarda-corpo será instalado.
- Se o vidro será instalado emoldurado nos quatro lados, em três ou dois lados. Ou se será fixado por ferragem ou aparafusamento.
- Diversas outras variáveis.
Espessura de portas, fechamento de sacadas e boxes
Outras expectativas falsas quanto a NBR 7199 é a de que ela determina que portas de vidro temperado devem ter a espessura mínima de 10 mm. E de que fechamento de sacadas e boxes devem ter também espessuras mínimas.
No caso das portas, não existe essa recomendação. É apenas uma orientação/recomendação de mercado. A mesma que diz que guarda-corpos laminados de temperados precisam ter a espessura mínima de 16 mm. O que existe é a fórmula para se fazer o cálculo.
No caso dos boxes e fechamentos de sacadas, essa informação também não é fornecida com detalhes, apesar das normas específicas desses produtos fazerem referências em seus textos à NBR 7199.
Tipos de instalações
- A NBR 7199 prevê ainda, as várias formas de instalação dos vidros, que são seis:
- em esquadrias;
- autoportante (vidro temperado com ferragens ou aparafusamentos);
- mista;
- estrutural;
- painel colado (estrutural);
- revestimento.
Segurança para vidros e profissionais
A NBR 7199 inclui ainda diversas recomendações para armazenamento correto das chapas de vidro, inclinações adequadas, formas de se armazenar vidros e de transportá-lo, uso de equipamentos de proteção individual pelos profissionais e diversas outras dicas para preservação da saúde e prevenção de riscos de acidentes.
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