Para saber quando instalar vidros com 6 mm, 8 mm ou 10 mm de espessura é preciso saber, de antemão, que a regra que se aplica a todos os vidros monolíticos é a de que vidros mais finos são menos resistentes. E quanto maior a peça, maior deve ser, também, a espessura do vidro para garantir sua resistência mecânica. As exceções são para a comparação de vidros comuns com vidros temperados e também para vidros laminados e multilaminados, quando são utilizados intercaladores estruturais, como veremos ao final.
Quanto peso suporta um vidro?
Para cálculo da espessura do vidro é importante saber quando cada tipo de vidro suporta. Na versão monolítica, ou seja, que não é composta por outras lâminas ou por intercaladores, o vidro comum é considerado frágil, podendo quebrar-se com facilidade com uma pancada simples de uma bola de futebol, por exemplo. Essa resistência mecânica é ampliada com a passagem dos vidros por um forno de têmpera, que amplia a resistência mecânica do vidro em até cinco vezes. Esse vidro é denominado vidro temperado e é o mais utilizado na construção civil. E, finalmente, esse vidro temperado pode ser reforçado ao ser laminado com uma ou mais peças através de um intercalador polimérico resistente (PVB ou EVA), ampliando sua resistência ao ponto de permitir sua utilização até mesmo em travessas e colunas.
Quando o vidro comum não é indicado?
Temperadores e laminadores não recomendam a utilização de vidro comum em qualquer hipótese ou situação. Porém, ainda existem algumas aplicações em que essa opção é prevista, por pura economia.
Em móveis e prateleiras, por exemplo, a utilização de vidros é regulamentada pela norma ABNT NBR 14488 que determina a utilização de tampos na indústria moveleira. Para determinar a espessura do vidro a ser utilizado essa norma prevê a utilização em diversas situações. Em resumo, levando-se em consideração como o vidro está sendo apoiado, pode ser utilizado o vidro comum somente de forma que não ofereça risco de quebras e ferimentos. Havendo esse risco são oferecidas duas opções: maior espessura, que pode chegar até os 19 mm ou utilização da versão temperada, com determinação das espessuras adequadas para cada situação de uso.
Já a utilização de vidros na construção civil é regulamentada pela norma ABNT NBR 7199. Por essa norma o vidro comum é permitido em instalações com fluxo de pessoas apenas quando encaixilhado (ou emoldurado) e quando instalado em alturas superiores a 1100 mm do piso. Para todas as demais situações de uso devem ser utilizados vidros de segurança, que podem ser: o temperado, o laminado, o aramado, o insulado composto por um desses vidros de segurança ou o multilaminado.
Espessuras mais utilizadas
As espessuras do vidro mais utilizadas no Brasil são 6 mm, 8 mm e 10 mm, geralmente na versão temperada. A regra geral é de que vidros de 6 mm e 8 mm são utilizados em boxes e janelas e que a espessura de 10 mm seja reservada para as portas. Mais recentemente o mercado acompanhou o crescimento exponencial dos fechamentos de varandas com o sistema que permite a abertura total do vão, também conhecido como cortina de vidro. Para esse tipo de fechamento são previstas, também as espessuras, em vidros temperados ou laminados, de 8 mm e 10 mm, segundo norma da ABNT: NBR 16259.
Temperados de 4 mm a 8 mm em boxes para banheiros
A norma técnica da ABNT que regulamenta a montagem de boxes para banheiros é a NBR 14207. De acordo com ela, o box pode ser instalado com espessuras que podem variar, do mínimo extremo de 4 mm, que é aplicada somente com vidro encaixilhado nos quatro cantos e no tamanho de 700 mm x 2000 mm. Até o máximo extremo de 10 mm.
Existe a informação falsa, publicada em diversos artigos na Internet, alegando que essa mesma norma determina a espessura do vidro mínima de 8 mm. A verdade, no entanto, é que essa espessura se aplica à maioria das situações, porém, não há essa determinação de forma explícita. E também é a espessura mais utilizada em boxes em todo o Brasil. Curiosamente, alguns estados, como é o caso do Espírito Santo, utilizam também a espessura de 6 mm em boxes.
Guarda corpos e barreiras de passagem
Barreiras de passagem podem ser montadas com vidros temperados. Geralmente o vidro temperado com espessura de 10 mm é o mais indicado para a maioria das situações. No entanto, se uma “barreira de passagem” é instalada de forma a evitar a queda em altura superior a um metro, passa a ser classificado como “guarda-corpo”. Nesses casos, precisa atender às determinações da Norma de Guarda-Corpos, que é a NBR 14718.
A principal determinação dessa norma, quando refere-se a utilização de vidros na composição, é seguir a orientação da NBR 7199 de utilização de vidros de segurança laminado.
Para saber qual é a espessura do vidro adequada para os guarda-corpos é preciso determinar sua aplicação, altura e sistema de fixação e, com essas informações, montar um protótipo a ser ensaiado em laboratório especializado. Se for aprovado, todo o conjunto, incluindo o vidro com a espessura escolhida, poderá ser utilizado.
No mercado, entretanto, vidraceiros costumam utilizar vidros laminados de temperados com espessura de 16 mm como padrão.
Fachadas de edifícios
Existem várias normas que regulamentam a utilização de vidros em fachadas. A espessura dos vidros para essas aplicações é determinada através de cálculo, que varia de acordo com a região e a composição dos vidros. Também são previstos ensaios em laboratórios especializados, assim como no caso dos guarda-corpos.
Qual o vidro para as coberturas mais indicado?
Os vidros indicados para coberturas são os laminados, os aramados e os laminados de temperados. Não existe norma específica para coberturas, devido a isso, a maioria utiliza a espessura de 8 mm ( 4 mm + 4 mm).
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Pisos, degraus guaritas
Os vidros com maiores espessuras são os multilaminados, indicados para pisos, degraus, guaritas e visores de piscinas. Algumas peças podem chegar a ter 60 mm de espessura.
Laminados estruturais
No caso dos vidros laminados existe um recurso para se obter o mesmo desempenho estrutural com espessuras menores. Trata-se da utilização de intercaladores, também chamados de interlayers, estruturais. É um material de maior rigidez, que oferece resistência superior dessa camada interna dos vidros na comparação com os intercaladores tradicionais.